O quanto a prática de consumir produtos piratas afeta a sua vida?
É importante que as
pessoas compreendam a extensão da pirataria e entendam o quanto esta prática
afeta suas vidas. Que financia o crime organizado no Brasil e no exterior já é
maciçamente divulgado desde 2003 após a constatação no relatório produzido pela
Interpol onde foram colhidas diversas provas desta inter-relação mostrando que
a pirataria de CDs e DVDs e a falsificação de
óculos, perfumes, tênis e bolsas de marcas famosas tornaram-se o braço auxiliar
de atividades criminosas muito mais perigosas.
Ainda assim, a aceitação de produtos piratas avança no país pela prática do
“levar vantagem em tudo”, contudo, esta prática é o que podemos chamar de uma
faca de dois gumes. Se por um lado os produtos são bem mais baratos que os
comprados em lojas que operam regularmente, por outro o momentâneo benefício
financeiro traz prejuízos inconfessáveis na saúde pessoal e à segurança deste
mesmo cidadão.
Apenas para citar alguns casos podemos exemplificar a pirataria de
óculos, brinquedos e cosméticos, muito comum e abundantemente visto nas ruas de
nossa cidade.
Os óculos de camelôs são vendidos livres e abundantemente, não só
em nossa cidade mas em todo o Brasil, são idênticos aos originais e custam
entre 5% a 15% do valor de um autêntico. O que os usuários não sabem é o
perigo que estão correndo ao comprar um óculos desse tipo. Quando colocamos
óculos escuros de baixa qualidade (desprovidas de filtros UVA e UVB) nossos
olhos e pupila se mantém bem abertos, pois reagem como se estivessem
protegidos, porém como as lentes não filtram os raios nocivos, nossa visão fica
mais exposta do que se não estivéssemos de óculos e então o órgão sofre pela
direta exposição a radiação ultravioleta e os neurônios da mácula –área da
retina responsável pela visão central -sofrem danos irreversíveis desde
queimaduras de retina e córnea, câncer de visão e perdas de visão por doenças
degenerativas. Por mais que pareça barato, não compre óculos de baixa
qualidade, lembre-se que o barato pode sair caro! É melhor não usar óculos escuros a optar por um “pirata” de
procedência duvidosa. Os oftalmologistas
aconselham ao consumidor que sempre solicite à ótica, onde adquirir um óculos
escuro, o documento de comprovação de que aquelas lentes têm os filtros UVA e
UVB.
O setor de cosméticos não fica de fora do grave problema da
pirataria, segundo dados da Abihpec
- Associação Brasileira da Indústria de Higiene, Perfumaria e Cosméticos, perfumes importados falsificados entram
no país, principalmente via Paraguai e Bolívia e até mesmo marcas nacionais
como O
Boticário, Natura e Anantha também tem suas fragrâncias
falsificadas vendidas abertamente nas ruas de comércio popular do país. É um
grave problema de saúde pública já que substâncias usadas para falsificar
determinadas marcas, que são elaborados com matérias primas de qualidade e
procedências duvidosas, passíveis, portanto de causar algum tipo de reação
adversa no consumidor, como alergias, irritação
cutânea, avermelhamento e descamação da pele, coceira e inchaço e até mesmo
manchas na pele.
Já os brinquedos representam um risco à saúde das crianças,
análises feitas pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial) em brinquedos piratas apreendidos revelaram dados
hediondos, tais como: Bonecas feitas de lixo hospitalar reciclado ou com
excesso de metais pesados, carrinhos que soltam peças que podem ser engolidas e
brinquedos com arestas ou pontas afiadas. Para conseguir um preço mais baixo,
as máfias internacionais usam, sem nenhum escrúpulo, o material mais barato
possível.
Compreendendo que por trás da pirataria, temos estes e outros
problemas de saúde e segurança públicas - já que há lavagem de dinheiro e o narcotráfico
- e que os próprios ambulantes também são vítimas porque além de se manterem na
informalidade, ainda contribuem para a diminuição do recolhimento de impostos e
eles pertencem à classe social que mais necessita dos serviços públicos, seja
hospitais ou escolas para os filhos, compreenderão que é preciso,
definitivamente, dizer não a todas as suas formas.
IVAN SILVEIRA MALHEIROS