domingo, 13 de junho de 2010

COMO SENTIR E DESFRUTAR DA FELICIDADE

extraído: Pistis Sophiah

Jorge Adoum (MagoJefa)

Um poderoso rei da antiguidade buscava com afã a felicidade e oferecia somas fabulosas para encontrá-la; porém, foi inútil o seu intento. Um sábio, então, o aconselhou a vestir a camisa do homem mais feliz, para assim adquirir a felicidade.Acompanhado de seu primeiro ministro, saiu de seu reino, em viagem com este objetivo. Visitaram a reis e súbditos, palácios e choças, pessoas pobres e ricas, e não encontraram aquele homem feliz para comprar-lhe a camisa. Por fim, chegaram a um lavrador que semeava em um campo e que cantava a cada passo, a cada lanço.

O rei aproximou-se dele e perguntou: - Se feliz, bom homem?

O que me falta senhor, para não sê-lo? Semeio agora e Deus me dará amanhã a colheita; termino meu trabalho hoje, e à noite me esperam minha mulher e meus filhos; eles me lavam os pés e me servem a comida. Não é isto uma verdadeira felicidade?

O rei saltou de alegria ao encontrar o homem que buscava; juntou suas mãos em atitude de súplica e com voz entrecortada pela ânsia, disse-lhe: -Vende-me tua camisa!

O llavrador, comovido diante daquele pedido, desabotoou seu paletó, e descobrindo seu peito nú, disse:

- Senhor, não tenho camisa! Por isto eu não pretendo dizer que possuo a felicidade ou que a tenho entre as mãos para dá-la à minha vontade. Porém, estou seguro de que conheço algumas de suas chaves.

Ei-las:

A felicidade não cresce senão em terreno devidamente preparado. Na maioria dos casos, a felicidade ou a desgraça não estão nos atos em si mesmos ou naquilo que nos sucede, senão na maneira de compreender os próprios fatos com a nossa disposição adequada.

A felicidade bate diariamente à nossa porta. Se não ouvimos o seu chamado e sua voz, é porque o pessimismo, com seu pranto e seu grito, nos ensurdece.

O pessimista é sempre desgraçado porque só é capaz de ver o lado tétrico das coisas. Para ele, o passado é escuro, o presente é preto e o futuro é negro. Muitas vezes encontra-se com a felicidade, mas, sistematicamente a afasta de si, dizendo: Oh, é uma miragem!

Buscar a felicidade é afugentá-la. Ela é nossa sombra. Se a seguimos, foge. Se não nos preocupamos com ela, nos segue.

Na filosofia oriental narra-se o seguinte conto:

"Tanta felicidade, tão imenso saber e tão gigantesco poder haviam alcançado aqueles homens da Idade de Ouro, que os Deuses sentiram inveja deles, temendo, com fundamento, que algum dia os homens lhes usurpassem o imenso poderio.

Decidiram, pois, arrebatar aos mortais o tesouro da felicidade. E, ao consegui-lo, os homens ficaram privados de tanta riqueza que caíram logo na depressão, na tristeza, na orfandade, na condição infeliz de miséria em que até hoje vivem.

Mas, como os Deuses conheciam a rebeldia inata, a insatisfação e a tenacidade humana, compreenderam que os homens jamais se resignariam e que, cedo ou tarde, tratariam de reconquistar o tesouro tão lamentavelmente perdido. Então os Deuses se convenceram de que, mais dia menos dia, estariam perdidos, se não escondessem convenientemente o "Tesouro da Felicidade" em um lugar tal e tão oculto que nunca viessem a encontrá-lo os pícàros humanos.

Onde encontrar esse lugar adequado que sirva de esconderijo?. disseram entre si, os Deuses, com profunda preocupação.

- Nas entranhas da terra, disse um deles!

- Sim, admirável esconderijo, replicou outro!, porém, quando o homem começar a explorar as minas e a penetrar nas entranhas da terra, como um tropel, logo o farão sair novamente à luz!

- Joguemo-lo nas profundezas do oceano, disse o terceiro!

- E quando vierem os mergulhadores e os submarinos?, se opôs um outro!

E assim os Deuses formularam e recusaram muitos conselhos salvadores, e não encontraram lugar suficientemente seguro, já que os homens - que são Deuses também, embora tenham se esquecido que o são, um dia despertarão, e aí!, então, dos Deuses! Já São Paulo disse que os Anjos um dia seriam julgados pelos homens.

Por fim, o mais sábio dos Deuses, talvez Mercúrio, disse:

- Néscios, se quereis que os homens jamais encontrem este Tesouro, escondei-o em seu próprio coração. Nunca se lhes ocorrerá buscá-lo em seu próprio interior.

E como foi dito, assim foi feito.

Daquele momento para cá, o homem busca sua felicidade fora de seu próprio coração.

Somente os sábios sabem olhar dentro de si mesmos, e ali vêem e sentem brilhar, mais puro do que nunca, o TESOURO DA FELICIDADE OCULTA.

"A diferença entre a felicidade e a sabedoria é que aquele que se crê o mais feliz, efetivamente o é. Mas, aquele que se crê o mais sábio, é, sem dúvida, um louco.

A sabedoria é patrimônio de poucos. A felicidade é a herança de toda a humanidade, herança do Pai Divino a seus filhos.

Se isto é assim, é mil vezes preferível ser feliz do que ser sábio, embora não exista sabedoria sem felicidade."

FELICIDADE E SABEDORIA

A diferença entre a felicidade e a sabedoria é que aquele que se crê o mais feliz, efetivamente o é. Mas, aquele que se crê o mais sábio, é, sem dúvida, um louco.

A sabedoria é patrimônio de poucos. A felicidade é a herança de toda a humanidade, herança do Pai Divino a seus filhos.

Se isto é assim, é mil vezes preferível ser feliz do que ser sábio, embora não exista sabedoria sem felicidade.

OS ENTRAVES DA FELICIDADE

Quem desejar a felicidade deve afastar de si três entraves:

PRIMEIRO: A crença de que as condições externas, a

aparência, podem determinar a felicidade ou a desgraça. Entre ricos e entre pobres, nos palácios e nas choças, ela pode ser encontrada. A felicidade só emana de nosso interior, de nosso próprio interior.

SEGUNDO: A idéia do fatalismo. Apesar de sua constituição e de seu temperamento, cada ser pode e deve praticar a felicidade.

TERCEIRO: A idéia de que a felicidade é um dom de Deus, de um Deus afastado e fora de nós. Se bem é certo que Deus semeia a semente da felicidade no coração do homem, este sempre está obrigado a regá-la com seu trabalho para que germine, floresça e frutifique. Pode-se presentear um violino a um amigo, mas, este nunca será um artista se não o compreende, o usa e o vive.

AS PORTAS DA FELICIDADE

Conheço sete portas da felicidade, e uma oitava que é a suprema.

1- SAÚDE. "Mente sã em corpo são." Um corpo são é o servo alegre da mente. A maioria dos habitantes das cidades vivem afastados do carinho da Mãe Natureza, de uma maneira antinatural. Esta Mãe carinhosa garante a paz de nossos corações, se buscamos o seu seio. Os habitantes das cidades vivem cheios de doenças. Galgam a vida e não vivem os anos.

2- AÇÃO. "Fé sem obras é morta." Conhecer uma lei e não fazê-la atuar, de nada serve. Agir é viver. Desejas a felicidade? Vive-a! Pratica-a!

- De que maneira?

- Consagrando cada dia, embora seja apenas meia hora, a ser feliz, a pensar em tudo que seja alegria: comida, bebida, música, pinturas, panoramas, etc... Se durante esta meia hora, algum pensamento maligno estender o seu dedo para ti, para perturbar a tua felicidade, repele-o qual um ladrão que assalta o teu lar. Faça isto durante trinta dias e observa o que te sucede depois.

3- PENSAMENTO. É o único fator que distingue o homem do bruto.
Conta-se que um rei poderoso convocou e reuniu a todos os seus sábios para fazer-lhes esta pergunta:
- O que é a felicidade?
- Felicidade é Poder, disse o primeiro. Vossa Majestade deve ser o homem mais feliz.
O rei em tom de burla, respondeu:
- Como posso ser feliz quando tenho uma doença incurável? Leva este ignorante e rompe-lhe o nariz.
- Felicidade é riqueza, disse o segundo.
- Amarra no pescoço deste tolo uma bola de ouro do mesmo tamanho de sua cabeça, e joga-o ao mar, disse o rei.
- Felicidade é fartar-se de deliciosos manjares, disse o terceiro que tinha fome.
- Obriga-o a comer um carneiro inteiro, e quando morrer empachado, avise-me, disse o rei.
- No amor das mulheres se encontra a felicidade, disse o quarto.
- Dá-lhe cem formosíssimas mulheres de meu reino e com elas uma taça de veneno, respondeu o rei.
E assim fez o rei com os demais, até chegar a um deles que efetivamente era sábio, e que afirmou:
- A felicidade está na formosura do pensamento do homem!
O rei estremeceu dos pés à cabeça, e colérico disse:
- O que é o pensamento do homem?
A única resposta do sábio foi um sorriso de compaixão.
O rei, então, ordenou que encerrassem o sábio em uma escura prisão.
Anos e anos passou ali esquecido. Quando o tiraram estava cego.
Então, o rei lhe perguntou:
- Como estás? Continuas feliz?
O sábio respondeu com calma:
- Sempre o sou, porque até dentro da prisão e sob o manto das trevas, me vi rei, amado, rico e satisfeito; tudo o adquiri pela formosura de meu pensamento.

-AMOR. Amor em todas as suas fases, porque onde reina o amor, reina a felicidade.

Amor de esposos, amor de pais, amor de filhos, amor de irmãos, amor a todos os seres viventes, amor incondicional.

-FÉ. É a defesa contra as tempestades da vida. É a Fé que nos diz: "Se não podes olhar para a frente porque está escuro, se para trás porque é doloroso, olha para o alto e encontrarás a calma e a felicidade. A Fé mantém sempre a esperança na vida. Quem crê que a vida não é senão a espera da morte, vive no erro. Da terra podemos fazer um céu. Podemos ser felizes neste mundo antes de chegar ao outro.

-SERENIDADE. A tranqüilidade de consciência que nos dá o cumprimento do dever, é felicidade. A consciência pura é o melhor travesseiro do homem.

- AQUIETAMENTO DOS DESEJOS. Um sábio disse:

"Eu aprendi a ser feliz, diminuindo meus desejos." E outro disse:
"Minha riqueza consiste em não ter cobiças."

-SACRIFÍCIO. Esta é a última, a mais importante e a mais necessária: SACRIFICAR-SE, SE FOR NECESSÁRIO, PARA PROPORCIONAR VENTURA AOS DEMAIS.

A compaixão é um sentimento de que somente é capaz o homem. Mas, o sacrifício é o sentimento de um Deus.

Diz uma máxima filosófica: "Com a oração (meditação) percorremos a metade do caminho que conduz ao céu; com o jejum chegaremos até a porta; mas, somente com o sacrifício nos é permitido entrar."

Disse Sócrates: "Conhece-te a ti mesmo."
Disse Marco Aurélio: "Domina-te."
Disse o Divino Nazareno: "SACRIFICA-TE."

Quem conhece a si mesmo, se domina.
Quem tem o poder de dominar os seus desejos, tem o privilégio de sacrificar-se pelos demais.
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